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Às vezes a imaginação falha, o sorriso esconde-se, as ideias ficam com ressaca e a vontade esgota-se. Depois, é preciso deixar que o pensamento esboce a dureza das palavras expostas. É ser sem parecer, e escrever mesmo sem crer.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

173. Encontrei-te

Encontrei-te por ali, muito fora de horas, cedo demais para uma noite longa (...) Sentei-me no único banco disponível, ao teu lado, e por ali fiquei largas horas a olhar para o Mundo.Tu não falavas, ou mal falavas, eu ria, ria, ria de nervoso miudinho e por ali ficamos largos tempos, sentadas no mesmo sítio a conversar. (...)

O tempo contigo nunca contava.

Nunca sentia que ele corria contra nós.

Para mim, funcionava como um reforço positivo, que me animava sempre e que me fazia sentir viva. Eu vivi para ti.

Sentia sempre um rol de liberdade que me sacudia o coração e que me deixava apta a uma nova dose e cumplicidade contigo.

Sempre ali, naquele banco claro, no jardim com cheiro a rosas brancas, bem junto ao Lumiar da vida.

Havia muitas coisas que gostava de contar-te, para que pudesses compreender como tudo funciona, como este ciclo vicioso nos penetra constantemente.

Se fosse dar, na mesma medida que recebo, duvido que tudo voltasse e que continuasse igual, até porque todos os dias mudamos, até porque já mudamos. Não porque me fizeram isso toda a vida, mas porque preciso fazer por mim.

Quando criares essa selecção de sentimentos, sugere a ti própria uma decisão permanente e concreta, que te faça feliz! Já quase que me esqueci que já me deixas-te muitas vezes triste e que tu, tu já não estás aqui comigo.

Às vezes, é preciso acreditar que tudo está normal para que fique mesmo e sabes, aprendi a aceitar que tu, vais estar sempre na minha vida, mesmo que mal nos vejamos e que a vida nos complique tudo.

Ninguém preenche o vazio que deixas-te, a falta que me fazes, o que tu eras para mim e que apesar de tudo continuas a ser incondicionalmente. Ninguém preenche a cumplicidade que tinha-mos e o esforço que fazíamos para não magoar uma à outra.

Gostava muito de poder ver-te todos os dias e de voltar a sentar-me contigo no banco de sempre. Continua a sorrir para mim.

Acredita que continuas acima de muitos factores, dentro do meu interior e que vens sempre no tempo certo.

(...) Chegou o inverno, o mau tempo, o frio que nos queima os lábios, que nos faz chorar (não de tristeza mas de alegria porque finalmente chegou), que nos faz tremer mesmo antes do frio começar a penetrar-nos bruscamente. O céu ficou cinzento, as nuvens carrancudas e finalmente choveu.

Olhámos seriamente uma para a outra e desatamos a rir como se nada fosse. Tínhamos o cabelo molhado, a roupa encharcadas e tudo o resto destruído, menos nós! Nós continuávamos no mesmo sítio. Perto uma da outra.




Telma Palma

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Memórias do Meu Pensamento