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Às vezes a imaginação falha, o sorriso esconde-se, as ideias ficam com ressaca e a vontade esgota-se. Depois, é preciso deixar que o pensamento esboce a dureza das palavras expostas. É ser sem parecer, e escrever mesmo sem crer.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

207. Cúmplice

Escrevo-te todos os dias, à mesma hora, desde os 13. Direcciono-te milhares e milhares de cartas, correspondência essa que acaba por não sair do correio ou nem sequer a entrar nele.

Continuo com toda a dissertação de antigamente, cheia de altos e baixos, de inúmeras vivências, de conflitos e mal-estar súbdito. Continuo ainda a revelar-te o meu interior por inteiro, mesmo que isso me cause angústia e preocupação.

Nunca te minto.

Nunca te esqueço.

Nunca perco tempo contigo.

Sempre sentiste muito as coisas, tal como eu, o momento. Ouves-me sempre sem pedir nada em troca, apenas me fazes prometer o impossível, não sofrer.

Aí está o meu defeito de fabrico, perco-me muitas vezes na ilusão, exagero nas descrições e faço auto-critica demasiado pesada ao meu próprio eu.

Rastejo pelo meu interior, suplico que me deixem voar, edifico muralhas e corto as saídas de segurança.

Mas tu, apesar de tudo consegues entender-me e isso consola-me.

Dás-me consolo, dás-me abrigo, deixas que me refugie no teu intimo e fazes com que o tempo nunca conte contigo.

Prometo, ser cúmplice desta maré que nos arrasta pegadas, abrir-te sempre a porta e deixar que me ilumines o coração.

Prometo-te deixar que as palavras fluam, que vivas sempre dentro de mim e prometo, acima de tudo deixar que a memória do meu pensamento ganhe asas e que consiga voar.

Telma Palma

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