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Às vezes a imaginação falha, o sorriso esconde-se, as ideias ficam com ressaca e a vontade esgota-se. Depois, é preciso deixar que o pensamento esboce a dureza das palavras expostas. É ser sem parecer, e escrever mesmo sem crer.

domingo, 9 de outubro de 2011

175. Exercer

Chegas, sentas-te e enquanto lês a revista do costume, pedes um chá.

Não estás minimamente importada com o que te rodeia, o teu pensamento anda por outras freguesias e a tua atenção concentra-se em memórias passadas que o tempo não trás mais.

Tu sabes que o Mundo não gira à tua volta, mas em vez de dissipares esses pensamentos negativos que te leva a agir em função das palavras esboçadas nas redes sociais, continuas a levá-las demasiado a peito e a querer sempre solução para tudo.

Há quem sinta a tua presença, que se aproxime e que se sente ao teu lado. Aí apercebes-te que afinal não estás sozinha e que, ao fim ao cabo, sabes que podes partilhar esses pensamentos mais indiscretos com alguém.

Embora te sintas perdida, há sempre alguém que vai estar ao teu lado incondicionalmente.

O chá chegou, olhas para a pessoa e sorris.

Sabes que o mundo não pára, mesmo que não o sintas mexer. Mas, sentes e vês que as coisas ainda flutuam junto ao Lumiar, que quando o sol nasce é para todos e que as ondas vão andar sempre no seu vaivém constante.

Há, haverá ou houve o dia em que foste tu próprio a parar, a travar as coisas, a perder o que de bom a vida nos dá, já pensaste se tudo vele a pena, se construir é o mais importante ou se, afinal apenas se gasta tempo desnecessário connosco.

Já reflectiste vezes e vezes sem conta sobre as mais ínfimas coisas, já te rebaixaste e ficas-te calada apenas porque o outro estava feliz e, já te resignaste a abandonar o teu posto porque alguém o ocupou.

Eu acredito que existe um propósito que nos faz exercer cargos superiores, dependendo da forma como encaramos a vida mas, embora essa seja uma das minhas convicções, existe sempre uma parte de mim que prefere esperar sentada, sem que haja dor, mágoa, medo, desespero, insegurança, …

Há uma parte de mim que me deixa sempre aquém e que me faz levar tudo em função da razão.

Ninguém muda porque quer.

Os factores internos e externos não facilitam. Batem na consciência, trocem o nariz, fazem birra, e fazem com que coloquemos a mão na consciência (e ainda bem que sim). É pena, apenas acontecer em circunstâncias extremas, quando batemos mil e uma vezes com a cabeça na parede e vemos que estamos a errar connosco mesmo.

Eu não mudei por vontade própria, mas porque me fizeram tornar numa pior pessoa.

O tal interesse comum que nos faz derrubar, passou a ser conjugado em tempos ainda desconhecidos.

O erro, esse sim designado como tenebroso e arrogante, começou por chegar sempre de mãos dadas com o desprezo, arrogância e rancor.

Começa a ter cuidado com as palavras se não queres estragar a caligrafia com corrector.

Percebe, sê sincera contigo mesma, quando falares acredita mesmo naquilo que estás a dizer mas, põe a mão na consciência e deixa de meter as culpas em cima dos outros.

Ninguém tem culpa das tuas frustrações indesejáveis e memoriza que ninguém te deixou sozinha, foste tu que afastas-te as pessoas.

Às vezes, basta exercer o acto de resignar/aceitar e compreender do que ter os olhos encalhados apenas com o nosso umbigo. Quando se gosta, preserva-se.

Ficou tarde, a noite já vai por ela dentro.

Depois de uma longa conversa, o chá arrefeceu, ficou frio.

Estás na hora de fechar o estabelecimento, de encerrar a conversa e de ir para casa.

Telma Palma

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Memórias do Meu Pensamento