374. Saudade

Nunca fui de sentir saudades de tudo e de mais alguma coisa, nunca fui de desejar voltar ao passado e hoje, mais do que nunca só desejo e só queria que muitas coisas voltassem a ser como antes, tal e qual como antes ou mais ou menos o mesmo.

Não penso em mudar o Mundo, nem em mudar as pessoas mas, penso em (re)viver os momentos que mais quis na vida e voltar a sentir tudo igual ou ainda melhor.

Tenho tido muitos pensamentos que me remetem para um passado já muito longe e nem sei como ainda me lembro de certas coisas. Tenho passado os dias ou até grande parte deles a ler e a rescrever pensamentos antigos, coisas bonitas para o coração e para o ego para não pensar em más memórias que a alma ainda hoje guarda. 

Queria muito voltar a ouvir a voz do meu coração e sentir como ela me faz tão bem e como me preenche sempre mais e mais, quando acho que (quase) tudo deixa de fazer sentido. Gostava que esse passado fosse sempre o meu presente e às vezes, o meu futuro também.

Sinto falta do calor das emoções, de sentir borboletas na barriga a cada km e de ver o Mundo rodar à minha volta e de eu nem sequer notar isso mas, sentir que tem todas as rotações exactas e no tempo certo.

É impossível prever o futuro e saber exactamente todos os acontecimentos que iram passar por nós mas, mesmo assim todos os dias teimo em fazer planos para um futuro incógnito e que ninguém me sabe prever.

Queria poder prever todas essas coisas e saber preparar-me para elas mesmas para não quebrar o coração sempre e sempre que tudo corre mal ou menos bem, embora sinta essa tal saudade e, embora gostasse que o passado fosse também o futuro, agradeço por a minha vida ser sempre assim... cheia de altos e baixos e de momentos difíceis de viver e às vezes de vencer também. 

Não tenho muita sorte, nem tempo para viver tudo na totalidade e no tempo certo mas, tenho a vontade de querer sempre mais e mais a cada minuto que passa e de não desistir do que realmente importa. Às vezes, também fraquejo mas isso é porque todos somos humanos e para acertar também é necessário errar para aprender.

Tenho saudades de ser pequenina e de nem sequer me preocupar que existe todos as semanas a segunda-feira... ou até de nem me lembrar as responsabilidades a que a idade obriga-nos.

Tenho de saudades de não me preocupar e de viver sem essas mesmas preocupações. Ser criança é de facto o melhor do Mundo. Mas, ser "adulto" também é ter o melhor do mundo connosco - a eterna criança dentro de nós.

Telma Palma