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Às vezes a imaginação falha, o sorriso esconde-se, as ideias ficam com ressaca e a vontade esgota-se. Depois, é preciso deixar que o pensamento esboce a dureza das palavras expostas. É ser sem parecer, e escrever mesmo sem crer.

sábado, 22 de dezembro de 2012

309.

(...)
Os "intervalos" eram feitos a partir da uma. Era dada atenção à entrada e saída das pessoas. Nós, não estávamos autorizados a sair fora de horas muito menos durante a noite. Já eu, no segundo dia de passagem... teimava em não dormir e vir ver a multidão para a janela, no lado de fora do local autorizado.
Havia muitas pessoas, de branco e azul.
Fiz muitos amigos e amigas e lembro-me de pedir para não saírem de perto de mim.
Tinha medo de estar ali. 
Quando a noite chegava e a mãe se ia embora, eu sentia-me só. Lembro-me de pedir várias coca colas e de comer uma tablet da milka em menos de 10 minutos.
Tinha os sonos trocados, tinha uma dose de  adrenalina duplicada ou até triplicada. Não podia ouvir música - podia escrever.
Dormir era impossível, não só por mim mas também pelo ruído que se fazia ouvir ao fundo do corredor e dentro do quatro.
(...)
Quando a mãe saía... as minhas grandes mulheres do meu quarto quase que uivavam de desespero, de dor e de alguma ansiedade. A D.******, era de olhão, gritava toda a noite, ofendia a menina da bata branca e por fim, dava-lhe concelhos sobre a vida... eu ria- limitava-me a ouvir todas as histórias, à espera que amanhece-se novamente.
(...)
Quando a sentia chegar perto - de mim, claro- fingia dormir profundamente. Por breves momentos conseguia calar a sua sede de invadir-me e deixava que pairasse no ar uma profunda paz. Quando voltava para a breve visita lá me espetava com a seringa na barriga - depois, depois eu chorava.


(...) Continua...

Telma Palma


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