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Às vezes a imaginação falha, o sorriso esconde-se, as ideias ficam com ressaca e a vontade esgota-se. Depois, é preciso deixar que o pensamento esboce a dureza das palavras expostas. É ser sem parecer, e escrever mesmo sem crer.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

194. Altar

Nunca te sinto chegar.
Estás sempre ocupado, cheio de força, garra e coragem.
Não te senti sair.
Abandonaste-me.
Deixaste-me vaguear em ilusões, brigas e desconfortos, proporcionaste-me dor.
Sem ti, não sinto que estás sempre a proteger-me, não sinto o calor que me queimava por dentro nem a ambição de querer estar sempre contigo.
Não estou sozinha, mas sinto-me como se ninguém me compreendesse.
Deixas-te um vazio cá dentro, uma falta inigualável, uma ferida que dói, um aperto enorme e uma constante incerteza no pensamento.
Tu, tu que viveste todos os meus problemas, foste-te sem te despedires e sem deixar rasto.
Sinto-te como se fosse hoje, como se ainda estivesses cá dentro, bem perto, bem junto, bem quentinho, bem apertado.
Corroeste-me o pensamento, o interior e o intimo.
Causaste-me desgosto, quebras, delírios. A incerteza que ficou próxima e a saudade que cresceu em fúria dentro de mim, continua sempre aqui.
Construíste um altar no topo, quebraste-o, desmoronaste-o.
Não consigo encontrar-te, foste para ficar e não voltar, foste só por ir, por desaparecer e deixar de sofrer, foste sem culpa mas magoado. Foste só e abandonado, desolado, inacabado, imortalizado. Quebrado pela força do bem, pela dor sentida em demasia, pelo esforço constante de poder alcançar sempre mais um dia.
Tu que foste sem vir antes, sem ficar tempo nenhum. Eu continuo aqui, à espero que chegue o fim, que voltas e que digas ... Gosto muito de ti.

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