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Às vezes a imaginação falha, o sorriso esconde-se, as ideias ficam com ressaca e a vontade esgota-se. Depois, é preciso deixar que o pensamento esboce a dureza das palavras expostas. É ser sem parecer, e escrever mesmo sem crer.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

222. STOP

Posei as malas, deixei apenas a mala de colo, ficou para trás toda a outra bagagem pesada (cheia de bens desnecessários, farta de conteúdo exacerbado). Queria ter ficado com as memórias, com o teor e com alguns bens que me fizessem vaguear pelo passado.
Deixei-as, somente aquelas que trouxeram tristeza e rancor ao coração. As botas ficaram gastas de repente, a tinta manchada da chuva que nelas escorregava deixava como marca o percurso percorrido em vão.
Queria calor, para corpo e para a alma, para o momento e para o futuro, queria só deixar de carregar tantos fardos injuriosos.
Fiquei com o caderninho de capa preta na mão, com a caneta de tinta permanente na outra e com o pensamento intrusivo.
Sentei-me no banco úmido da cidade, depois escorreguei na calçada fria e quando decidi dissertar deixei que o pensamento congela-se.
Ainda tinha aquele gosto exagerado a amêndoa na boca, o cheiro a maresia não me saía da cabeça nem o teu doce toque.

Calculei mal as órbitas. Não deixei que o tal calculo seguisse rumo, não fiz STOP nem fiz cedências.
-Dou por mim então, ainda ali sentada (na calçada), meio tonta meio nada, com frio. - Dou por mim a despertar com o teu sussurro ao ouvido, coisa leve e calma, pouco forte, ardente. - Dou por mim como 2ªpessoa interveniente no acto, à espera de indicações para poder regressar ao palco, mas continuo congelada, sem pasmos, sem entradas relâmpago e sem a tal memória de antigamente. - Passei o corredor da morte, da punição e do sofrimento, deixei-os também ficar para trás, junto às malas pesadas.
Se tens olhos pára! - Gritei.
Estupidamente deixei bater os joelhos no chão e a rastejar pela estrada. No outro passeio estava ela, a saída. - O fim de grandes avarezas bizarras, o começo de um novo crepúsculo, o início de uma nova melodia - tudo à minha espera.
Não entrei.
Bati com a porta.
Voltei para trás, carreguei as malas e segui outro caminho.

- Gosto muito de ti. Dizes.
- Obrigado por estares sempre por perto =) és o meu Mundo.





Telma Palma

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Memórias do Meu Pensamento