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Às vezes a imaginação falha, o sorriso esconde-se, as ideias ficam com ressaca e a vontade esgota-se. Depois, é preciso deixar que o pensamento esboce a dureza das palavras expostas. É ser sem parecer, e escrever mesmo sem crer.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

230. Lembro-me

Seguias-me com os olhos para que eu não pensa-se que me controlavas. Rias das minhas piadas para eu pensar que tinha imensa graça, puxavas conversa sempre que queria ficar calada e sentavas-te pertinho de mim para fazer-me sentir segura. Eu, detestava!
Tinhas as mãos grandes - muito grandes até, a cara marcada do esforço da vida - do trabalho duro, da terra quente, do tempo pesado e das grandes batalhas de sobrevivência.
Lembro-me de todos as tuas histórias, dos quilómetros que fazias para chegar à escola, de dizeres que sabias caçar e andar de burrinho e lembro-me de eu querer ser como tu, sempre e sempre como tu.
Chamavas-me de trinca-espinhas, pimpolha, bicho do mato e de tantas outras - dizias que eu te derretia o coração e que te fazia tremer de tanto medo que tinhas de me perder.
Nunca te vi chorar, nunca te vi quebrado por medos presentes, nunca te vi cair e ficar bem lá em baixo - tinhas uma cara forte, cheia de vontade, força e esperança.
Tu sempre acreditas-te em mim, mesmo que te desiludisse constantemente, mesmo que o que querias não fosse aquilo que eu seguisse - mas sempre que escolhi errado tu estavas lá, sempre presente.

Continua (...)

Telma Pama

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Memórias do Meu Pensamento