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Às vezes a imaginação falha, o sorriso esconde-se, as ideias ficam com ressaca e a vontade esgota-se. Depois, é preciso deixar que o pensamento esboce a dureza das palavras expostas. É ser sem parecer, e escrever mesmo sem crer.

sábado, 24 de dezembro de 2011

203. Expectativas

A manhã acordou repleta de luz. Os reflexos faziam-se sentir nas pequenas pétalas humidas arrasadas pelo orvalho. A luz ainda batia na água, fazendo-se triplicar de flor em flor.
Porém, a água dos bidões mantinha-me intacta, gélida (quase congelada).
Os galos cantaram cedinho, bem como a tradição manda e os patos tomavam a sua banhoca matinal junto a todos os pássaros visitantes e, de seguida exponham a sua esbelta beleza ao sol.
O orvalho escorria pelas paredes abaixo da casa, assim que lhe tocava, sentia a ponta dos dedos gelados e depressa surgia um arrepio na espinha.
Soprava então contra o vidro, fazendo com que ficasse embaciado e de seguida escreveria um desejo.
Os pinheiros, deixavam cair as pinhas e os ramos secos, enquanto eu apanhava-os para os juntar na lareira. Queria que tudo ficasse perfeito e que o calor dela se fizesse sentir dentro dos nossos corações.
O pinhão corria e esfregava-se nas ervas molhadas, o Benny jogava-se ao Sammy na tentativa de obter "porrada" em troca, mas, como sempre, o Sammy entretinha-se a roçar-se nas minhas calças à espera de uma festa na barriga (malandro).
Fotografava-os enquanto juntos trocavam as voltas uns aos outros. Ria e ria vezes sem conta e esperava uma boa oportunidade para "caçar" o Benny num bom ângulo.
A mãe chamava-me para o almoço e para a concepção do tronco de Natal. Mas eu, preferia continuar naquela algazarra, a rir e a chorar de tanta dor no estomago por estar feliz com eles.
Doía-me a barriga de tanto rir, isso a que muitos se privam!
Sentia as lágrimas escorrerem pelo rosto. Choro de alegria ao vê-los felizes também!
A mãe insistia em chamar-me.
Saiu o tronco de Natal e um recipiente cheio de natas docinhas. O Benny adorou! Nada poderia ter sido melhor!
A noite chegara e com ela trouxe a nostalgia do momento, do convívio e dos momentos juntos.
A tradição colara-se então ao pai natal, aos presentes e docinhos tradicionais. Hoje perdeu-se a magia, o conforto do lar ideal, a alegria nostálgica que nos atacava quando a época chegara. Perdeu-se o sentimento e verdadeira comemoração.
Não gosto do Natal, mas se as coisas são feitas assim, concentro-me na totalidade em festejar a amizade, o amor e o carinho. Porque é a unica coisa à qual dou importância nesta altura e não ao nascimento de um ser qualquer a quem chamam de Jesus.
A magia assim fica concretizada! - Dar, não só agora mas sempre, uma palavra de conforto, mandar uma mensagem fofinha e um presente para que apenas simbolize o sentimento e não só porque fica bem.
Se o fizéssemos todo o ano, seria desnecessário existir uma data especifica. Todo o ano seria Natal.
Tenho a sorte de ser natal quase todos os dias =)
Assim que a noite penetro noite dentro, a chama iluminou todos os corações acessos e por momentos fez-nos esquecer os problemas que nos aterrorizam, as diferenças que nos distinguem, o desprezo pelo próximo, a rivalidade e o rancor.
É aí que se percebe a diferença, o caus dos acontecimentos e que à nossa volta apenas estão o cacos.
Não se perdera só a si, mas a todos também. Notamos que ficámos sozinhos o que, na verdade, isso não aconteceu. Ficámos connosco mesmo, e isso sim, é o mais importante.
Mas, há que não esquecer a ideia penetrante no acto: Ser Feliz.
Este ano, não o saudei como antigamente. Criei novas expectativas e motivações que me fizeram ver o Mundo de outra maneira. Apenas lhe acenei com a mão direita. Um sinal de o gostar vê-lo passar mais um ano com saúde e alegria, mais nada!

Telma Palma*

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